segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

MOMENTO ASSIM NASCE UMA PAIXÃO





A minha paixão pelo futebol remonta 1978, quando então com três anos assistí a minha primeira copa do mundo. Naquele ano o Brasil foi campeão moral na Argentina e pequenos Flashes de memória me trazem até hoje aqueles dias.

Na verdade o primeiro time que passei a torcer foi o Rubro Negro carioca, o Flamengo. Me encantava com um tal de "Galinho de Quintino" (Zico) que levou este time em 1980 a conquista de um campeonato brasileiro e em 1981 a um campeonato estadual, a conquista da libertadores da América e ao Título Mundial InterClubes contra o Time Inglês Liverpool. Nascia assim a minha primeira paixão clubística, influenciada diretamente por meu pai.

Em 1982 chorei ao ver o brilhante Brasil ser eliminado nas quartas-de-final pela Itália de Paolo Rossi no conhecido desastre de Sarriá, na copa da Espanha. Descobrí pela primeira vez que este esporte tão bonito também podia me fazer chorar de tristeza.

Tentei seguir os passos dos meus ídolos tentando fazer parte da Seleção do Colégio Redentorista, que ficava no Bairro de Rodolfo Teófilo. Fui titular no meio-campo em apenas um jogo. Parece que não levei jeito para coisa, pois o treinador me tirou do campo e colocou outro em meu lugar. Um trauma que me impediu de ser um milionário astro do Futebol Mundial...

Nesta época, influenciado pelo meu querido irmão, passei a admirar um time da minha Terra. Um time que vestia camisas pretas e brancas e tinha como mascote um Vovô...O Ceará Sporting Clube tornava-se assim a minha segunda paixão.

Contudo, esta paixão ficou meio apagada pois viajei para o Acre onde morei por três anos. Sem ter notícias daqui, continuava acompanhando apenas o Flamengo e o Brasil.

Chorei de novo e até rasguei um Pôster do meu ídolo Zico, ao Vê-lo entrar e perder um Pênalti contra a França. O Brasil havia caído nas quartas-de-final na copa do México de 1986.

Voltei para o Ceará neste mesmo ano e passei a morar na Marechal Deodoro, bem próximo ao estádio Presidente Vargas. Naquela época existia uma promoção tal qual hoje em que menores de doze anos não pagavam. Me tornei um rato de estádio e ia só ou com colegas do prédio assistir a qualquer jogo, mesmo que fosse entre Calouros do Ar e Quixadá.

Cheguei também a tentar jogar Futebol de salão no ginásio Aécio de Borba, mas no primeiro jogo, após desobedecer uma ordem de minha mãe que havia me proibido de ir para lá, quebrei meu braço pela primeira e única vez na minha vida. Pra variar, o FutSal perdeu um excelente goleiro, mas ganhou um admirador...

Com o passar dos anos fui consolidando minhas preferências e as paixões viraram amor. Ceará, Flamengo e Brasil estavam para sempre marcados no meu coração. Engraçado: O amor no futebol também é na alegria ou na tristeza e até que a morte nos separe.

Chegou a faculdade e tive a sorte (ou o azar) de ter numa turma de quarenta pessoas, trinta machos fanáticos por Futebol. E que eu me lembre só o Doutor Mário Jorge, O Dr. Alysson e o Dr. André Luiz torciam Fortaleza... Todo o resto era Alvinegro ou Simpatizante - em 1994 o Ceará fez excelente campanha na Copa do Brasil - e nosso prazer era zoar com nossos "sacos de pancada"...

Claro que numa turma deste tamanho só poderiam sair idéias boas. E é claro que as melhores estavam ligadas à Mulheres, bebida e Futebol. Fizemos assim um time de Futebol muito semelhante ao Tabajara, pois perdíamos todos os jogos. Perdíamos para os veteranos, perdíamos para os "bichos" e leváva-mos peia dos fuleragens da Medicina, único curso que tinha mais machos e mais secos do que nós. Acho que só conseguimos ganhar um jogo contra o pessoal da Farmácia.

Bem, chegamos neste ano de 2002 e depois de tantas idas e vindas comecei a jogar nos Veteranos de um time de Subúrbio, o São Raimundo. Tudo muito interessante, pois depois de todo jogo sempre tem um birinaite e um feijãozinho. Ademais vou a lugares que jamais pensei em conhecer. Já joguei em Pacajús, na Serra de Aratanha e até numa favela próxima ao Aterro do Jangurussú (Onde a gente quase saiu debaixo de peia)...

Pois bem, foi neste meio que surgiu minha mais nova paixão no mundo da Bola. Estávamos em uma discussão sobre times de Futebol e percebí que todos tinham pelo menos dois times de preferência, tal como eu, mas a grande maioria também torcia por um terceiro time (que geralmente era um time paulista). Eram vários São-Paulinos, Palmeirenses, Corintianos e até um torcedor do novíssimo São Caetano. Sem nenhuma simpatia com estes times (apesar de ter gostado do São Paulo de Telê e de Raí no ínicio da década de 90) declarei que se fosse prá torcer por um time paulista este time seria o Santos de Pelé, que pelo menos também já tinha dois títulos mundiais ( da década de 60) e tinha sido a casa do Rei do Futebol.

Todos riram e disseram que eu não sabia de nada pois este time estava há 18 anos sem ganhar nada e nem em campeonato de botão ganhava.





Mas o mais interessante é que eu sabia! Nunca tinha acompanhado o Santos de perto, a não ser quando perdeu para o meu Flamengo em 1983 e mais recentemente em 1995 quando perdeu para o Botafogo roubado pelo juiz.

Porém ví bons jogadores saírem de lá como Serginho Chulapa, Giovane e Narcíso ( Aquele mesmo que teve leucemia) e tantos outros criarem fama como Viola e o atual Campeão Robert.





Assim nesta brincadeira disse que neste ano passaria a torcer pelo Santos e ele seria Campeão, saindo da fila. O Curioso é que não tinha visto os atuais astros Alberto, Diego e Robinho se destacarem, pois o Brasileirão tinha simplesmente começado.

O engraçado é que nesta mesma Semana por coincidência ví um especial em canal fechado (acho que foi na ESPN) sobre o Santos de outrora com Pelé, mas que também destacava outros jogadores como Dorval, Coutinho, Mengálvio, Pepe, Zito que eram os reis naqueles contubardos anos 60.


Aquelas imagens em preto e branco ressaltavam um verdadeira poesia do esporte e me saltavam aos olhos aquelas agradáveis
camisas alvinegras (outro motivo de afinidade) e suas jogadas mágicas.

Naquela década, de 1961 a 1965 o Santos Futebol Clube foi um legítimo penta-campeão brasileiro, pois ganhou a única competição de âmbito nacional, a taça Brasil. Ainda em 1968 foi hexa-campeão brasileiro ao vencer o torneio Taça de Prata, também conhecido como Robertão. Este time venceu ainda o Bi-campeonato Mundial de 1962 e 1963, contra o Benfica de Portugal e contra o Milan da Itália respectivamente.

A paixão agora tinha motivo e tinha passado, mas ainda lhe faltava o presente. Foi aí que surgiram dois garotos. Um branquinho com a camisa 10 de Pelé e o mesmo nome e elegância do craque Maradona e também um pretinho habilidoso como o rei. Dois garotos: Um preto e um branco, alvinegros como meu coração; e cheios de malícia, criatividade, ginga e talento.





Mas neste ano o Santos não foi apenas destes jogadores. O Santos também mostrou o charme da Vila Belmiro; As "muralhas" Júlio Sérgio e Fábio Costa; Os "pulmões" dos laterais Léo, Michel e Maurinho; Os zagueiros "Torre-gêmeas" Alex, Preto e/ou André Luis; A garra do mais jovem capitão a erguer uma taça de campeão , o ótimo Paulo Almeida, de 21 anos; A lealdade de Renato, volante presente em todas as partidas e que não levou um único cartão amarelo; os gols importantes de Elano, a experiência do vice-campeão brasileiro de 1995, Robert; além dos belíssimos gols do artilheiro Alberto.





E claro, esta minha paixão já foi mais curtida e mais sofrida por tantos outros apaixonados, de todas as idades, raças e credos. Na verdade acho acho que hoje o Brasil inteiro se enamorou destes pequenos gênios. No ano do Penta, a sedução e a magia dos tempos áureos parecem ter voltado...





Por isto tudo e muito mais que há de vir, agora mais que nunca sou Santos. Sou sim um torcedor pé quente e tudo que falei tornou-se realidade. Assim, faz de conta que esta paixão é como aquela amiga que sempre esteve perto de você, mas você nunca reparou. Até que um belo dia, POF! - o cupido te flechou... Assim aconteceu comigo e hoje mais do que nunca só posso declarar:





TE AMO SANTOS!!!!





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