Dia: 12 de Outubro (Dia das Crianças)
Local: Avenida João Pessoa, em Fortaleza
Hora: 22:30
Cena: Pai catador de caixa de papelão volta para casa depois de um provável cansativo dia de trabalho, carregando sua enorme carroça como se fosse um animal de carga, segurando todo o peso do carro com seus músculos, provavelmente exauridos por andar inúmeros quilômetros pelas ruas durante todo o dia, no sol escaldante de nossa cidade.
Algo muito duro de se perceber se não fosse um fato que acontece corriqueiramente e já nos parece normal.
Algo que passaria despecebido aos meus olhos desconfiados e também já acostumados com a dura rotina de pobreza e insegurança da nossa cidade, não fosse por um pequeno detalhe que me chamou a atenção:
Na carroça deste homem de feição rude, mas ao mesmo tempo humilde, com olhos cansados e quase sem esperança notei duas crianças que dormiam sobre as caixas de papelão.
Um sono pesado e tranquilo, como só as crianças podem ter.
O homem carregava seus filhos para casa! Não era ladrão, não era marginal! Era apenas um pai levando seus filhos para casa.
Lágrimas me cobriram o rosto... As vezes nesta loucura de mundo, nesta rotina insensata de nossas vidas, basta-nos um pequeno detalhe para perceber como nossa vida é maravilhosa frente às dificuldades por que tantos passam.
E como a pobreza dos outros poderia nos comover, mas não nos comove mais pois é tão comum...
Às vezes parece que Deus nos faz perceber detalhes como aquele para que interfiramos no curso daquela história, para que sejamos mudança dentro daquela realidade... Talvez não uma mudança profunda, mas algo que realize os desejos do coração daquele que está sofrendo.
Parei o carro e dei tudo que tinha na carteira. Não para me vangloriar por ter feito algo a alguém necessitado, mas para mostrar a vocês como fiquei sensibilizado...
Poderia ter feito mais. Talvez poderia ter-lhe oferecido uma carona (mas onde ficaria a carroça?) Poderia ter levado seus filhos (Será que ele deixaria?), mas naquele momento era tudo o que sentí que deveria fazer.
Aquele homem parece que entendeu e olhando no fundo dos meus olhos agradeceu e seguiu seu caminho, com sua carroça e seus meninos.
Talvez aquelas crianças nem soubessem que aquele era o dia que o comércio dedicou a elas... Talvez aquelas crianças nem se sentissem mais como crianças...
Talvez nem um brinquedinho tivessem ganho naquele dia.
Mas aquelas crianças tinham um pai que literalmente as levava nas costas e este pai queria chegar em casa pois já era tarde e no dia seguinte tudo começaria outra vez...
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